MOSQUEIRO EM TEMPO DE MARÉ ALTA
Celestre Proença
Mosqueiro, Mosqueiro, que canta e se espalha
em grande aguaceiro, morrendo de rir...
Mosqueiro do verde, do verde esperança
do branco empoando as folhas bem altas
de esguias imbaubeiras que dançam e se miram
se viram e reviram
segredando à brisa que é tempo de amar
Não importa, meu bem, se chove ou faz sol
Carinho tem hora, beleza tem dia, amor tem lugar?...
Vem vindo bem perto o beijo esperado
o abraço apertado de que se quer bem!
Vem vindo ditoso, bem agasalhado
na boca da noite que a lua embrulhou
Se chove de dia, se chove bem forte
aguarda que a noite é só de luar
Lavaram as calçadas banharam as estradas
e até o sol cinzenta já mudou de cor!
É céu azulado, todo acolchoado
de algodão bordado, pra lua passear
E quando ela surge no céu tão limpinho
o mar com carinho começa a cantar
Ah! Mosqueiro engraçado, de tanto contraste
em que até os insetos
se organizam em filas para saravadar (saravá)
É grilo, é mosquito
é tanto bichinho saindo das trocas
que a gente se esconde, se embrulha e reclama
porque ninguém pode mais
sair de casa para passear!
Violões aparecem contando vantagens
em acordes que vibram a causar sensação
E a gente se anima e os sons vão chegando
num balanço doce em suave oração...
Tudo isso é Mosqueiro em paisagem de inverno
em tempo de chuva, pra falar melhor.
Deixem que ela venha, ora forte, suave
revirando a ilha, sem temer ninguém!
Derrubando muros, arrancando plantas
remexendo areia pra jogar ao mar
Todo mundo sabe que chegou seu tempo
que não adianta nada a gente se zangar.
A brisa azougada bloqueia os caminhos
e enxágua o infinito pra o sol se deitar
E a gente aproveita pra ver maré alta
crescendo e cantando pra nos alegrar
voltando a ser jovem, de novo criança
amando a esperança dos dias que virão.
Ó Deus da beleza, Ó Deus das crianças
eu amo esta ilha de sonhos formada
cheínha de afeto, tão apaixonada
qual doce feitiço que faz tanto bem!
Te quero cantando, mais nova, mais bela
como Cinderela, sorrindo a dançar
Trazendo nas mãos punhados de areia
das praias formosas, das terras sem fim
Guardando o mistério, a beleza e a denguice
toda a faceirice de cunhã mirim...
Com chuva ou com sol, no inverno ou verão
tristonha ou sorrindo eu te quero feliz
Mosqueiro moreno, de doce veneno
cantando em surdina no meu coração!
Celeste Proença
Louvação ao Mosqueiro
... e outros escritos
Editora Grafisa, 1983
Belém - Pará
em grande aguaceiro, morrendo de rir...
Mosqueiro do verde, do verde esperança
do branco empoando as folhas bem altas
de esguias imbaubeiras que dançam e se miram
se viram e reviram
segredando à brisa que é tempo de amar
Não importa, meu bem, se chove ou faz sol
Carinho tem hora, beleza tem dia, amor tem lugar?...
Vem vindo bem perto o beijo esperado
o abraço apertado de que se quer bem!
Vem vindo ditoso, bem agasalhado
na boca da noite que a lua embrulhou
Se chove de dia, se chove bem forte
aguarda que a noite é só de luar
Lavaram as calçadas banharam as estradas
e até o sol cinzenta já mudou de cor!
É céu azulado, todo acolchoado
de algodão bordado, pra lua passear
E quando ela surge no céu tão limpinho
o mar com carinho começa a cantar
Ah! Mosqueiro engraçado, de tanto contraste
em que até os insetos
se organizam em filas para saravadar (saravá)
É grilo, é mosquito
é tanto bichinho saindo das trocas
que a gente se esconde, se embrulha e reclama
porque ninguém pode mais
sair de casa para passear!
Violões aparecem contando vantagens
em acordes que vibram a causar sensação
E a gente se anima e os sons vão chegando
num balanço doce em suave oração...
Tudo isso é Mosqueiro em paisagem de inverno
em tempo de chuva, pra falar melhor.
Deixem que ela venha, ora forte, suave
revirando a ilha, sem temer ninguém!
Derrubando muros, arrancando plantas
remexendo areia pra jogar ao mar
Todo mundo sabe que chegou seu tempo
que não adianta nada a gente se zangar.
A brisa azougada bloqueia os caminhos
e enxágua o infinito pra o sol se deitar
E a gente aproveita pra ver maré alta
crescendo e cantando pra nos alegrar
voltando a ser jovem, de novo criança
amando a esperança dos dias que virão.
Ó Deus da beleza, Ó Deus das crianças
eu amo esta ilha de sonhos formada
cheínha de afeto, tão apaixonada
qual doce feitiço que faz tanto bem!
Te quero cantando, mais nova, mais bela
como Cinderela, sorrindo a dançar
Trazendo nas mãos punhados de areia
das praias formosas, das terras sem fim
Guardando o mistério, a beleza e a denguice
toda a faceirice de cunhã mirim...
Com chuva ou com sol, no inverno ou verão
tristonha ou sorrindo eu te quero feliz
Mosqueiro moreno, de doce veneno
cantando em surdina no meu coração!
Celeste Proença
Louvação ao Mosqueiro
... e outros escritos
Editora Grafisa, 1983
Belém - Pará
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